Os aglomerantes são materiais de grande importância para construção civil. O cimento Portland é o aglomerante mais consumido no mundo, sendo o seu volume de consumo diretamente relacionado ao nível de desenvolvimento da infraestrutura de um país. Todavia, diversas pesquisas relacionam sua produção a baixa performance ambiental do concreto, elevado consumo de matéria-prima não renovável e considerável emissão de gases associados ao efeito estufa.
Os cimentos alcalinos ativados pertencem a uma classe de aglomerantes produzidos a partir de reações de polimerização entre precursores e uma solução alcalina ativadora. Inicialmente, esses cimentos eram produzidos para aplicações bem específicas, como materiais inorgânicos não inflamáveis e resistentes ao fogo. Entretanto, ao longo do tempo a aplicação dessa classe de material se estendeu a diferentes tipos de materiais de construção civil.
Neste contexto, nessa pesquisa tínhamos como objetivo avaliar o potencial do uso de dois resíduos provenientes da indústria de extração do minério de ferro, o Rejeito de Barragem de Minério de Ferro (RBMF) e o Resíduo de Lã de Vidro (RLV), como precursores principais para a produção de um cimento alcalino ativado (Figura 1).
Os cimentos alcalinos ativados foram produzidos e avaliados quanto as suas propriedades mecânicas, físicas, químicas e microestruturais. Os compósitos produzidos empregando o RBMF e o RLV apresentaram elevados valores de resistência mecânica, atingindo em certas dosagens valores na ordem de 90 MPa aos 7 dias (Figura 2). Resultados esses superiores aos requisitos mínimos para concreto de cimento Portland com função estrutural e, em certos casos, superiores aos valores apresentados para concreto de alto desempenho (NBR 6118:2014).
Assim destacamos que a combinação do RBMF e do RLV formam um potencial precursor para produção de cimentos alcalino ativados. Sendo então, uma alternativa ao descarte desses resíduos em aterros controlados ou barragens, fonte de produção de compósitos de base tecnológica para aplicação na construção civil e ainda quem sabe uma alternativa futura frente ao cimento Portland convencional.
As discussões apresentadas aqui são apenas uma resenha de estudos mais aprofundados. Para mais informações, acesse o artigo original.