por Aline Figueiredo e Ana Carolina Matias
O uso de placas de revestimento de gesso (conhecidas como drywall) tem se tornado cada vez mais comum, visto que estas apresentam vantagens como rapidez e facilidade na instalação, regularidade dimensional e superfície lisa. Além disso, proporcionam também bom isolamento térmico e acústico, resistência à umidade e ao fogo, apresentando grande durabilidade em ambientes internos como paredes, forros e revestimentos. No Brasil, a instalação de fábricas de chapas de gesso para drywall, iniciada em meados dos anos 90, representou um esforço pioneiro visando a modernização da construção civil brasileira, tradicionalmente caracterizada pelo uso de métodos artesanais com baixa produtividade, elevados níveis de desperdício e reduzida valorização da mão de obra.

Sabemos que a atividade industrial da construção civil é grande consumidora de matérias primas, de forma que a utilização de materiais reciclados ou reaproveitados é cada vez mais necessária e cria atrativos para seu desenvolvimento e valorização, promovendo ganhos a todos envolvidos.
Membro egressa do grupo Reciclos, a engenheira Rosana Mol propôs, em sua dissertação de mestrado, um material compósito termicamente eficiente e resistente ao fogo para alvenarias modulares, produzido com rejeitos da indústria da mineração de ferro e quartzito.

Os rejeitos da mineração de ferro são as fibras de vidro, empregadas como elemento construtivo e portante para estruturas de apoio, tendo sido incorporadas ao compósito devido à necessidade de seu reaproveitamento e visando melhorar características como tração na flexão, isolamento térmico e resistência a altas temperaturas. Os rejeitos da mineração de quartzito são os quartzitos friáveis, camadas superiores que compõem os inservíveis desta atividade mineradora e podem atuar como substitutos parciais da gipsita.

Para melhoria das propriedades de isolamento acústico e térmico, optou-se pelo uso da argila expandida. As argilas expandidas são compostas por argilominerais que, quando submetidos a altas temperaturas (1100°C), se expandem, formando em seu interior uma estrutura micro porosa, bem como baixa massa específica aparente - característica comum dos isolantes térmicos, implicando também na redução do peso das peças. Dessa maneira, o material compósito proposto possui como matriz uma argamassa de gesso comercial e areia de argila expandida, aditivada com os resíduos e moldados sob a forma de placas (a exemplo das placas de gesso comercialmente disponíveis).

As placas aditivadas com resíduos apresentaram desempenho semelhante às convencionais, mostrando que tais adições podem não só produzir peças mais econômicas, como mais eficientes ambientalmente.
Destaca-se a possibilidade de sua aplicação como drywall mais eficiente, pois dispensa o revestimento de papel cartão nas duas faces da placa, que confere o isolamento termo-acústico para o modelo convencional.