Muitos conhecem os tijolos solo-cimento. Esses tijolos são nada mais são do que uma mistura de terra crua com cimento e água. O cimento serve como aglomerante para a terra, tornando-a mais resistente à compressão. Ele é um material antigo, encontrado em construções milenares com uma formulação primitiva que se constituía de terra misturada com cinza vulcânica (que dá origem ao cimento).
O tijolo de solo-cimento é fabricado de diversas formas, normalmente em prensas mecânicas, nas quais é inserido a mistura de terra e cimento, já com a umidade adequada para poder soltar-se da fôrma, e depois empilhado e molhado para completar sua cura. Na atualidade, estes tijolos estão sendo muito utilizados devido ao seu viés “ecológico”, já que sua produção não utiliza queima como nos tijolos de barro.
Um trabalho realizado por Souza et al., 2008, tornou esse tijolo ainda mais ecológico. Buscou-se a fabricação de tijolos de solo-cimento através do aproveitamento de resíduos de construção e demolição (RCD); originando, dessa forma, uma alternativa ambientalmente sustentável que possibilita a valorização destes resíduos, em vez de simplesmente lançá-los na natureza.
Os RCD’s são constituídos por restos de materiais de construção. Nos entulhos são encontrados normalmente restos de argamassa e concreto, materiais cerâmicos, metais, plásticos, madeiras, papéis e vidros. Os restos de argamassas, concretos e materiais cerâmicos, encontrados em maior volume, foram transformados em agregados.
Neste trabalho, analisou-se a influência da adição de resíduos de concreto nas características físicas e mecânicas dos tijolos de solo-cimento. Os tijolos foram moldados por meio de uma prensa manual, usando-se dosagens a partir do solo natural, solo com 20% , 40% e 60% de resíduo de concreto, com o emprego de três teores de cimento, 6%, 8% e 10%, todos em relação à massa resultante da mistura solo-resíduo.
Na composição do solo-cimento, utilizou-se um solo do tipo arenoso fino, resíduo de concreto (o qual foi processado em um triturador de mandíbulas e passado na peneira de malha 4,8 mm) e o cimento foi o CP II Z 32, que possui propriedades satisfatórias para confecção de solo-cimento. Foram confeccionados tijolos como mostrado na figura abaixo para a realização de ensaios de compressão simples aos 07, 28, 56, 120 e 240 dias, cujos resultados são mostrados a seguir.
Os gráficos acima mostram os resultados de resistência média à compressão dos tijolos, em função do acréscimo na quantidade de resíduos e do tempo de cura. Observa-se que a adição dos resíduos de concreto promoveu elevação nos valores de resistência à compressão do material. Para os tijolos confeccionados com 6% de cimento e 60% de resíduos de concreto, Figura 3A, obtiveram-se aos sete dias, resistência à compressão no valor de 2,7 MPa, sendo que a norma prescreve no mínimo 2,0 MPa, isto é, os valores obtidos são 35% superiores aos recomendados pela norma.
Nota-se que todos os tijolos com resíduos de concreto atenderam aos requisitos mínimos das normas brasileiras, implicando que pode-se utilizar até 60% de resíduos sem prejuízo para o solo-cimento, pelo contrário. Ou seja, o solo cimento é uma excelente matriz para o aproveitamento desses resíduos.
Leia Mais em:
SOUZA, M. I. B; SEGANTINI, A. A. S; SANTOS, J. P; SILVA, J. P. N; Tijolos prensados de solo cimento com adição de resíduos de concreto. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.12, n.2, p. 205- 212, , 2008.
SEGANTINI, A. A. S; WADA, P. H. Estudo da dosagem de tijolos de solo cimento com adição de resíduos de construção e demolição. Acta Scientiarum Technology, v. 33, n. 2, p. 179-183, 2011.