Argamassas de revestimento baseadas em resíduos de mineração e siderurgia

Julho 28, 2020

Esse artigo é apenas uma resenha. Para estudos mais aprofundados e para adotar em seu trabalho, por gentileza cite o artigo original:

“Mendes, J.C., Barreto, R.R., de Freitas Vilaça, V., Lopes, A.V., Souza, H.A., Peixoto, R.A.F. Coating mortars based on mining and industrial residues. Journal of Material Cycles and Waste Management (2020)”. 

Um ambiente desconfortável termicamente provoca mal-estar e pode comprometer a produtividade e a saúde de seus ocupantes. A vedação de um edifício é um dos sistemas que mais criticamente afetam seu desempenho térmico, controlando o fluxo de energia entre os ambientes interno e externo. No Brasil, o sistema de vedação mais utilizado é a alvenaria de blocos cerâmicos ou de concreto recobertos por argamassa de revestimento. Nesse cenário, este projeto focou na avaliação de argamassas de revestimento produzidas com agregados reciclados, de modo a entender como suas propriedades térmicas influenciam no desempenho de edificações.

Em um trabalho anterior, [link para artigo Condutividade térmica/morfologia do Rodrigo] os pesquisadores do grupo Reciclos observaram que a substituição da areia de rio (REFm) nas argamassas por rejeito de barragem de minério de ferro (IOTm), quartzito friável (QTZm) ou escória de aciaria processada (SLGm) reduzem significativamente a condutividade térmica dessas argamassas, especialmente as de rejeito de barragem e escória (Figuras 1 e 2).

                               Figura1

Figura 1 - Condutividade térmica de argamassas de revestimento com areia de rio (REFm) e com rejeitos de mineração e siderurgia

Figura2

Figura 2 – Agregados estudados: areia convencional, dragada de um rio; rejeito de barragem de minério de ferro, proveniente da mineração de ferro; quartzito friável, proveniente da extração de Pedras de São Tomé; e escória de aciaria, rejeito da produção do aço em uma siderúrgica de Minas Gerais.

Neste trabalho, nossa equipe simulou o efeito dessas argamassas com resíduos em 2 edificações reais: uma residência de interesse social e uma residência de alto padrão, utilizando o software Energy Plus e as prescrições da Norma de Desempenho, NBR 15575.

De modo geral, a baixa condutividade térmica e a alta massa específica dessas argamassas de resíduos geraram desempenhos equivalentes ou superiores às argamassas convencionais de areia de rio. A Figura 3 mostra as classificações da temperatura interna conforme seu desempenho térmico: superior, intermediário (intermediate), mínimo (mininum) e não-conforme (nonconform, quando a simulação não passa pelos requisitos da NBR 15575). Observa-se que o número de classificações superiores e intermediárias subiu de 55 das argamassas convencionais (REFm) para 59 para as de rejeito de barragem de minério de ferro (IOTm) e 67 para as de escória de aciaria (SLGm).

                                       Figura3

Figura 3 – Resultado das classificações de desempenho das 104 simulações realizadas em 2 edificações residenciais.

A diferença de temperatura de pico entre as argamassas com resíduos e a convencional alcançou aproximadamente 1°C, sem alteração nos métodos de construção. Pode parecer pouco, mas isso é a diferença entre ligar ou não o ar-condicionado, especialmente nas estações de transição (primavera e outono). Os resultados mostraram que as argamassas estudadas são alternativas viáveis para contribuir com a eficiência energética dos edifícios e o conforto térmico de seus usuários.