Placas de gesso com rejeito de quartzito e fibra de vidro: soluções modulares sustentáveis

Abril 2, 2020

por Aline Figueiredo e Ana Carolina Matias

O uso de placas de revestimento de gesso (conhecidas como drywall) tem se tornado cada vez mais comum, visto que estas apresentam vantagens como rapidez e facilidade na instalação, regularidade dimensional e superfície lisa. Além disso, proporcionam também bom isolamento térmico e acústico, resistência à umidade e ao fogo, apresentando grande durabilidade em ambientes internos como paredes, forros e revestimentos. No Brasil, a instalação de fábricas de chapas de gesso para drywall, iniciada em meados dos anos 90, representou um esforço pioneiro visando a modernização da construção civil brasileira, tradicionalmente caracterizada pelo uso de métodos artesanais com baixa produtividade, elevados níveis de desperdício e reduzida valorização da mão de obra.

 

Fonte: Flickr.
Fonte: Flickr
 

Sabemos que a atividade industrial da construção civil é grande consumidora de matérias primas, de forma que a utilização de materiais reciclados ou reaproveitados é cada vez mais necessária e cria atrativos para seu desenvolvimento e valorização, promovendo ganhos a todos envolvidos.

Membro egressa do grupo Reciclos, a engenheira Rosana Mol propôs, em sua dissertação de mestrado, um material compósito termicamente eficiente e resistente ao fogo para alvenarias modulares, produzido com rejeitos da indústria da mineração de ferro e quartzito.

 

Corpos de prova: compósito e gesso convencional. Fonte: Reciclos.
Corpos de prova: compósito e gesso convencional Fonte: Reciclos
 

Os rejeitos da mineração de ferro são as fibras de vidro, empregadas como elemento construtivo e portante para estruturas de apoio, tendo sido incorporadas ao compósito devido à necessidade de seu reaproveitamento e visando melhorar características como tração na flexão, isolamento térmico e resistência a altas temperaturas. Os rejeitos da mineração de quartzito são os quartzitos friáveis, camadas superiores que compõem os inservíveis desta atividade mineradora e podem atuar como substitutos parciais da gipsita.

 
Pilha de rejeitos em lavra de quartzito. Fonte: Semad.
Pilha de rejeitos em lavra de quartzito. Fonte: Semad
 

Para melhoria das propriedades de isolamento acústico e térmico, optou-se pelo uso da argila expandida. As argilas expandidas são compostas por argilominerais que, quando submetidos a altas temperaturas (1100°C), se expandem, formando em seu interior uma estrutura micro porosa, bem como baixa massa específica aparente - característica comum dos isolantes térmicos, implicando também na redução do peso das peças. Dessa maneira, o material compósito proposto possui como matriz uma argamassa de gesso comercial e areia de argila expandida, aditivada com os resíduos e moldados sob a forma de placas (a exemplo das placas de gesso comercialmente disponíveis).

 
Argila expandida.  Fonte: Grid Materiais Para Construção.
Argila expandida. Fonte: Grid Materiais Para Construção
 

As placas aditivadas com resíduos apresentaram desempenho semelhante às convencionais, mostrando que tais adições podem não só produzir peças mais econômicas, como mais eficientes ambientalmente.

Destaca-se a possibilidade de sua aplicação como drywall mais eficiente, pois dispensa o revestimento de papel cartão nas duas faces da placa, que confere o isolamento termo-acústico para o modelo convencional.