Materiais Cimentícios Suplementares: alto desempenho tecnológico

Agosto 22, 2019

por Aline Figueiredo e Luana Kuster

A construção civil consome grande quantidade dos recursos naturais disponíveis no planeta, além de gerar uma série de resíduos em todas as suas etapas de produção. Um exemplo vem do material mais consumido no mundo depois da água: são liberadas entre 650 e 800 kg de CO2 na produção de apenas 01 tonelada de cimento Portland! Desta forma, é cada vez maior a demanda por materiais que causem menor impacto ambiental, seja através de um modo de produção mais limpo ou da geração reduzida de resíduos.

Uma forma eficiente de destinar resíduos e, consequentemente, de reduzir a quantidade utilizada de cimento Portland, é por meio da inserção destes materiais em matrizes cimentícias (argamassas, concretos, dentre outros), exemplo do que é feito atualmente com o CPII-E e CPIII, compostos com escória de alto forno (resíduo da indústria siderúrgica) e muito bem aceitos comercialmente.

.Mas o que motiva as pesquisas atuais relacionadas à incorporação de materiais alternativos em matrizes cimentícias não são apenas as reduções de CO2 ou mesmo a reciclagem de resíduos da mineração e outras indústrias. Temos ainda melhorias consideráveis nas propriedades das matrizes tanto no estado fresco quanto no endurecido, o que torna crescente o valor de mercado e a relevância dos estudos em torno dos chamados Materiais Cimentícios Suplementares (SCM, em inglês).

 As aplicações em concretos, argamassas, pastas e até elementos de pavimentação obtiveram resultados de ensaios mecânicos e físicos bastante satisfatórios. Estes resultados são muitas vezes similares ou superiores aos encontrados para matrizes produzidas apenas com cimento convencional. Análises quanto à durabilidade de elementos com incorporação de diversos SCM também garantem resultados favoráveis à sua utilização.

Mas o que são de fato os SCM?

São materiais compostos de partículas finas com características semelhantes ou complementares às do cimento e, na maioria das vezes, obtidos por beneficiamento de resíduos industriais e de mineração. Porém, como já são conhecidos e difundidos seus benefícios, pode haver a produção especificamente para este fim, como é o caso da sílica ativa e do metacaulim, comercializados como adições minerais e que não são parte do ciclo de produção de nenhum outro material.

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O grupo RECICLOS visa a produção de materiais cimentícios suplementares através do reaproveitamento de resíduos industriais e rejeitos de mineração. Pesquisas até hoje foram feitas com rejeito de barragem de minério de ferro, escória de aciaria, rejeito de quartzito, rejeito da mineração de areia e muitos outros, visto que estes possuem grande potencial associado às suas características físicas, químicas e mineralógicas analisadas.

Vislumbramos um futuro onde pode haver desenvolvimento tecnológico e sustentabilidade caminhando juntos, apresentando à sociedade materiais superiores em qualidade e desempenho ambiental. O mundo merece e pode!